Este domingo 22 de agosto marca o retorno do que te aconteceu em 23 de julho; são dois signos do Amor, cada um visitado por um luminar: o Leão pelo Sol, e Aquário pela Lua
22 de Agosto de 2021, 17:33
Ana Karina Luna é escritora, artista visual, designer e bruxa; editora, fundadora/proprietária da Lua Negra Cartonera *
É meia-noite do sábado 22 e escrevo com a Lua nos 23° de Aquário. Enchendo-se, ela ainda precisa percorrer mais 6°, em seu pasodoble — ela que maratona, diariamente, 1° do zodíaco a cada 110 min, ou a quase duas horas —, para poder chegar a tempo de confrontar o Sol, que já está a postos nos seus 29° leoninos, vigiando que a Lua chegue aos seus devidos 29° também, para iniciarem sua apoteose da Lua Cheia da Lunação de Leão.
E como se não fosse pouco uma oposição (entre Lua e Sol), estando um no grau oposto do outro — imagine toureiro e touro mirando-se de longe —, ainda tinha de ser no 29, um Grau Crítico na astrologia. Explico: o último grau de qualquer signo é o seu grau mais desafiante, como são os últimos minutos de uma prova de 100 m, em que o atleta aplica a velocidade e aceleração máxima; aí ou vai ou racha.
Sentiu o peso dessa Lua? E quem precisa de um touro e seu toureiro na mesma pista de dança, onde Lua e Sol já se olham com um olhar de fim de mundo em intensidade máxima? O pasodoble aqui vira pasodoble à décima. Pois é o que acontece neste domingo 22.
Uma oposição entre dois luminares representa confrontos entre luz e sombra, internos ou externos, e o 29, um obstáculo a ser vencido. Por sombra, porém, não se entenda algo negativo. A sombra de cada um é apenas algo escondido, não aceito e que precisa ser acatada pelo si mesmo da gente. Confrontos internos são bons no sentido de que é a maneira que um conflito se apresenta e tem de ser integrado, acordado, para que o desafio seja ultrapassado. E não existe vida sem conflitos, escolhas, acordos, dentro e fora, diria a Vênus que está em Libra. Então, que venham à tona. (Falo mais da Vênus já).
E para não dizerem que não falei de flores, ou melhor, que não há drama, aqui nesta defrontação estão dois signos do Amor — acredita? Leão e Aquário! — cada um visitado por um luminar: o Leão pelo Sol, e Aquário pela Lua, e é assim que esse par, às 9h02, “dançará o seu tango na pausa” — como diria minha professora argentina Juju Bolinha. E ninguém dança um tango como Leão-Aquário, sinceramente. Não é à toa que na astrologia formam o limítrofe (para não dizer bipolar) Eixo do Amor.
É... Todo Aquário tem uma sombra leonina, um coração que pulsa vermelho sem o Aquariano nem-tchum, mesmo que todo mundo ouça ao redor. E vice-versa, todo Leão tem escondido um altruísmo, um esquecer-se (quem se reconhece, amigos Leoninos? quem nunca? Ah, tem muito Leão por aí sendo usado de pano de chão em sua exagerada generosidade. Acordai-vos, irmãos e irmãs de juba. Tomem tento).
Mas vamos à Lua Cheia. O assunto é o seguinte: onde, com quem, fazendo o quê e sentindo-se como estavas tu no 23/7? Essa é a data da primeira Lua Cheia em Aquário, a 1° do Aguadeiro (assim é Aquário também conhecido). Ah, eu não comentei não? Pois é, além dessa lua cheia ser no grau 29, ela é a segunda lua cheia seguida em Aquário, o que é incomum. Aí tem, meus amigos. Estamos tanto assim em “devência” com algum babado aquariano? Quem adivinha qual?
Eu aposto o desapego (mas não do que normalmente se aconselha...).
Um pouquinho sobre o arquétipo aquariano: ele é considerado o “alienígena” dos signos, mas no bom sentido, de que é o único que veio de fora do sistema, e assim pode trazer o futuro, a visão de fora, avanços, novas maneiras de ver as situações, de abrir a mente, de revolucionar qualquer coisa. É regido por Urano, o rebelde, o caos da inovação, o planeta que gira ao contrário. Aquário é o único signo que não tem um animal em seu símbolo, como se fosse uma experiência totalmente humana e evoluída. Mas, atenção, esse é o arquétipo de Aquário, puro, e ninguém é só aquariano, todo mundo tem de tudo no mapa...
Então, o que você esteve fazendo naquela sexta dia 23 é o assunto que, neste domingo 22, volta, em busca de resposta e despacho.
Outra data para você dar uma olhada: 8/8, que é o começo dessa lunação de Leão em que estamos (foi o dia da Lua Nova). A propósito, lunação = ciclo de 28 dias da lua. Na Lua Nova plantamos, na Cheia, colhemos. Então, recapitulando: o assunto é do dia 23/7, e a colheita deste 22/8 é de uma ação ou atitude tomada no dia 8/8. Fez sentido?
No mais, essa lua é poderosa, forte, cheia de aspectos positivos, mas “mexetivos”, viu? Há dois Grande Trígonos quase perfeitos, um de Ar e outro de Terra.
O de Ar é uma troca de ideias muito lícita e cortês entre Vênus (em Libra), Saturno (em Aquário) e o Nodo Norte (Gêmeos). Ou seja, signos de Ar. Saturno, aquele que bota a “dificul-oportuni-dade” na vida da gente, está maleável e topa escutar o feminino de Vênus e isso pode mudar destinos. Aproveite para ouvir o feminino interno; aproveite que sua polícia saturnina fumou um baseado aquariano e está toda topando fazendo acordos. Isso vale para fora e para dentro.
Conversinhas internas, sabe? Sano é aquele que em alto e bom tom conversa com todos os meliantes do íntimo. Aquário almeja que todo mundo vire igual, e isso se aplica para as partes internas também! Todo querer-desejo-vontade conta e Freud já explicou que nenhuma parte psíquica nossa pode ficar excluída de nós, da nossa vida, sob pena de adoecermos. Ouçamos Aquário, igualdade dentro e fora. Não há como matar desejos, instinto. E não falo de sexo aqui, galera.
Para descobrir seus quereres-desejos-vontade, aqui está Leão. Autoestima é ter afeto por tudo o que existe por dentro, aceitar o que se quer — mesmo quando a mente sofre de auto-preconceito... Ah, e como ela sofre. É aceitar o inevitável, o imodificável: nossas pulsões. Estou falando de afetos psíquicos. Sonhos de bebê. O que nos afeta nos move, nos toca na corda mais enterradinha.
Bueno, voltando ao trígono de Ar. Acredito que essa conversinha desses três vai marcar e produzir reverberações no mundo: o feminino começa a fazer sentido, porque o masculino, convenhamos, ouvia animal de estimação, criança e vozes femininas tudo no mesmo tom. Ou seja, não ouvia, era só ruído. Entrava por um lado e saía pelo outro. Mas a voz de uma Vênus em Libra, a Bela da Justiça, não será ignorada, pois vem com um timbre de destino — concedido por esse Nodo Norte em Gêmeos, o senhor da comunicação e que preside a direção das nossas experiências neste momento: estamos descobrindo que somos múltiplos, que somos tantos por dentro e todo mundo (dentro e fora) quer ser ouvido, quer valer. Ah... Essa foi a experiência pessoana (à propósito, saiu recentemente “Pessoa”, a biografia desse gênio geminiano que é Fernando Pessoa, que levou ao máximo a experiência de ser todos e não ser ao mesmo tempo).
O outro Grande Trígono é um de Terra: aí já é um encontro de trabalho, em uma hora acredito que estará tudo dito e feito: Plutão (em Capricórnio, digamos o velho capitalismo) põe mãos à obra com Urano (em Touro, a nova economia) e Marte-Mercúrio (em Virgem, a força-tarefa). Não duvide que nessa próxima Lunação de Virgem (que começa em 6/9) você consiga fazer o que nunca pensou que concretizaria. E, colega, o Sol já entra em Virgem neste 22/8 mesmo, à tardinha, viu? É neste domingo. Então é a Lua Cheia na cara com trocentos aspectos fabulosos, mas bem reais, e já Virgem batendo na porta ao pôr do sol para já querer realizar as mágicas do começo do domingo.
Realmente, Virgem é assim, prática. Sentar e ficar pensando para quê, se já dava para ter reorganizado sua gaveta de calcinhas ou cuecas, não é mesmo?
Há, também, no céu, um YOD — ou quase um. Um YOD é um aspecto raro e também chamado de Dedo de Deus. É um triângulo isósceles onde a ponta mais aguda é o calcanhar de Aquiles da bagaceira a qual o YOD se refere. Geralmente, um YOD surge em um mapa para fazer mudanças geracionais, cármicas. Sabe aquelas catracas emperradas, sem óleo, que não rodam de jeito nenhum? Pois. Aqueles traumas de 500 anos na família da gente, histórias que se repetem a cada geração? ‘(Ah, porque elas se repetem, sim; teorizou Freud sobre a “compulsão à repetição”, condição que qualquer maldito problema tem: o bicho se repete até alguém prestar atenção. E deixando tudo atropelado pelo caminho).
E sabe quem presta atenção? “Loucos”. De alguma forma é impossível eles não verem esses vícios familiares dançando por trás das cortinas, das portas, embaixo do sofá, embaixo do pires na mesa do café da manhã... Em toda família tem um, que muitas vezes nasce com um YOD no mapa. Coitados, com tanta coisa divertida para fazer no mundo, ficam incubidos de quebrar padrão de tataravó. (Eu tenho dois no mapa, 😥). No caso coletivo, esses YODs servem para trazer à tona assuntos enganchados que a gente varre para debaixo do tapete — seja ele um item caríssimo da TokStok ou da feirinha hippie, não importa — ninguém pode com mapa astrológico nem campo energético. Nem mesmo a TokStok.
Confie no poder de síntese de Virgem de dar cabo no que precisa ser realizado por esse Marte — um oficiador de ritos, labutador dos detalhes, nunca pendengador, nunca apalermado, nunca pego cochilando numa pilha de caos. E isso tudo será da forma mais esperta possível, se depender de Mercúrio. Os ânimos no campo energético estão tais que Kíron (o curador) e Saturno (o que limita, mas autoriza), na base do triângulo isósceles (do YOD), vão oferecer a cura das nossas procrastinações. Tanto aqui, no YOD, como no grau 29, ou vai ou racha. Portanto, a ponta aguda e crítica do Dedo de Deus é o Marte em Virgem, ajudado por Mercúrio no mesmo signo: a ação da gente vai ficar clara, organizada e sintética como uma flecha certeira. Aproveite: se der vontade de realizar, nem pense duas vezes. Pule na labuta.
E o YOD é chamado Dedo de Deus porque uma hora alguém tem que interferir nesses assuntos que ficam apalermados no mundo, na nossa vida, nas gerações. Senão, como a fila anda? E o mundo também está assim. Queremos a mudança, mas ainda nos achamos estagnados, sem saber como passar a próxima marcha. Pois pergunte ao Marte em Virgem, já que ele está de ferramentas em mãos na boca do crepúsculo deste domingo 22. Quer um ritual? O Sol entra em Virgem às 18h34; faça um pacto com essa força de puro serviço. Preste atenção que estarão em Virgem: o Sol, Mercúrio e Marte. Identidade, entendimento e ação. Domingueira focada que reverberará por um mês.
Por fim, dois papos fartamente talentosos — dois Bi-Quintis, que são aspectos de 144° entre dois planetas —, que trazem conversas deveras criativas, com novas soluções inteligentíssimas. São elas:
Sol e Plutão estão em Bi-Quintil. Eles são considerados dois sóis. Plutão, um sol negro, olha que coisa linda, poética... De acordo com a minha mestra Noêmia Gama, sacerdotisa da Gruta, Plutão é um ego antigo nosso, que se encontra no mapa trazendo um talento de outro exercício, se você entende o eu digo, e em troca quer um favor. O signo e a casa em que está este Plutão fala tanto da qualidade que ele dá ao nativo como do favor que pede em troca, e essas duas estão muito ligadas, pois é com essa mesma qualidade que a pessoa conseguirá retribuir o favor. São promessas antigas, não realizadas. O meu livro “Saindo da Piscina de Éter” saiu assim, patrocinado pelo meu Plutão em Libra na casa 9, conjuntinho à minha Vênus em Virgem, casa 8. Uma labuta do “oculto feminino”, sabe? E essa é uma teoria noemiana a qual eu experimentei em primeira mão, assino embaixo. Você sabe em que casa e em que signo está o seu Plutão no mapa?
Urano em Touro e Vênus em Libra também estão em aspecto de Bi-Quintil, de conversa cheia de talentos. A força da revolução (Urano) do feminino (Vênus) na economia (Touro) vem através da experimentação com o diálogo, as trocas, a harmonia e as parcerias, qualidades librianas. O justo, o par, a igualdade e a não-canalhice são rentáveis também, concordam Urano e Vênus, enquanto clicam suas tacinhas de espumante, fazendo negócio — e fazendo prazer — num bar na beira da praia. Esse papo Urano-Vênus traz uma prosperidade que é benéfica e não predatória. Fica a dica, pró-capitalistas-patriarcais.
E assim, a nova economia verá em breve brotar a primeira folhinha. A nova economia é feminina, é cotidiana, é pequena, é íntima, é para dentro — tem tudo a ver com o dentro, que é a energia do Feminino em todos. É inusitada, é fluida, é não direcionada. Não é uma flecha, é um círculo (como já dizia a filósofa Viviane Mosé anos atrás). Essa energia permite o caos natural, menos excesso de técnica, mais instinto e sensação e percepção. Mais experimentação, sem medo do erro, o Ser como Informação, pois ser humano é errar e “o erro também é informação” — jogou na cara do mundo o corajoso matemático Nassim Talebem em seu livro “Antifrágil: Coisas que crescem na Desordem”.
Como aproveitar? Preste atenção a você, ao seu redor, com quem conversa, ao que te acontece e ao que ouve que te chama atenção. Fique atento a você, ao seu campo e Aquário vai te falar. Especialmente, pergunte a essa lua aquariana o que quer te dizer. E aguarde 24 horas.
Último recado: veja que casa do seu mapa natal é regida por Aquário e ali estará o ambiente desse chacoalho bom, e propício, dessa Lua Cheia. E não, não somente no pasodoble ficaremos dançando. O passo agora é múltiplo, assim como é único -- cada um descobre o seu. Estamos falando de Aquário, gente boa. Esse gigante da unicidade mesmo dentro do todo. Manter a própria identidade cabendo no mundo, sem destruir as outras identidades. Ser parte pertencente e ser único simultaneamente é a mensagem de amor do eixo Aquário-Leão, porque não se pode falar em um sem falar no outro — são dois lados da mesma moeda. Tanto ele como o seu reverso, o Leão, falam de encontrar e manter a própria batida. Leão sustenta o ritmo do coração, Aquário leva a cadência para todo o sistema, com suas artérias e veias, e de volta ao coração. Somos feitos disso: batida e cadência que chega aos outros, e volta. Dancemos, pois.
Lembro a todos que estamos na Lunação do Leão e ainda sob as luzes de Sirius entrando pelo Portal de Leão, que se intensificou por volta de 26/7; porém, o portal começa a fechar aos poucos a partir deste domingo 22, portanto essa lua cheia é ainda altamente sobre autoestima (Leão!) — novamente: os meus afetos, meus sonhos, minhas ânsias, aspirações, desejos e vontades que nasceram comigo desde bebezinho. Pulsão nem cessa nem pode ser domada, no máximo, sufocada. Mas latejará para sempre. São os desejos da vontade. Então, o recado de Aquário é: não é disso que temos que desapegar — é muito pelo contrário, de tudo o que me separa de os vivenciar. Mais uma vez trago o mestre do inconsciente, Freud, que afirmou que somos “seres desejantes”. E o que você acha que isso quer dizer, hein? E Aquário continua: “aponto-lhes Marte-Mercúrio em Virgem, eles te ajudarão a corporificar o que te abre os olhos todas as manhãs”.
Boa Lua Cheia no Aguadeiro.
* Você pode se consultar com Ana Karina Luna — Tarô, mapas astrais; faça contato em @anakarinalua e @luanegracartonera