Turismo em Pauta

Mesmo sem Carnaval, Recife não perde seu encanto e é o destino ideal para turismo em qualquer época do ano

Uma das primeiras cidades do Brasil e referência do período holandês, a capital pernambucana oferece atrativos inesquecíveis, mesmo sem o bloco Galo da Madrugada e sem foliões desfilando em suas ruas históricas

12 de Março de 2022, 09:23

Ivaldo Pinto é jornalista

Sábado de Zé Pereira, passava do meio-dia, e o ônibus da Sol & Mar Turismo, transportando um grupo de alagoanos, acabava de chegar ao Recife para turismo cultural, uma vez que, em razão da pandemia, o Carnaval foi proibido. A capital pernambucana estava tranquila, poucas pessoas nas ruas e o trânsito fluía bem, diferente de outras épocas.

Não fosse a pandemia, a essa hora do dia, o centro do Recife estaria em ebulição com milhares de foliões nas ruas acompanhando o desfile do Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo. A vizinha, Olinda, também estaria repleta de foliões comemorando os festejos de Momo. 

Porém, mesmo assim, os excursionistas alagoanos, ainda no ônibus, não desanimaram; alguns até entoaram músicas carnavalescas. O almoço foi servido no Restaurante Parraxaxá, em Boa Viagem, especialista em comida nordestina. Em seguida, o grupo se dirigiu ao Mar Hotel, para fazer o check in. O hotel, localizado também em Boa Viagem, a poucas quadras da praia homônima, recebe muitos alagoanos, especialmente no Carnaval. 

Devidamente acomodados, alguns desceram para a área de lazer, onde ficam o restaurante, barzinho e as piscinas, para aproveitar bons momentos em clima de Carnaval. Infelizmente, este ano, em razão da pandemia, o hotel não disponibilizou, na área de lazer, bandinhas carnavalescas para animar os hóspedes. Mas isso não impediu que, durante o período momesco, o grupo se divertisse à beira da piscina, bebendo uma cerveja, uísque e degustando saborosos petiscos.  

No domingo, após o café da manhã, o grupo se dirigiu ao Cais de Santa Rita para fazer o passeio de catamarã pelo Rio Capibaribe. A embarcação, com acompanhamento de guia local, iniciou o passeio no horário previsto. No trajeto, a bordo do catamarã, se vislumbra todo o esplendor do Recife, com seus casarões coloridos, alguns de origem holandesa, bem como suntuosos prédios no centro histórico, que datam do século 16. No retorno, o almoço foi servido no restaurante da empresa Catamaran Tours, na beira do cais.  

Na segunda-feira, o roteiro incluiu o Recife Antigo com suas atrações turísticas, como  Marco Zero, Embaixada de Pernambuco (Bonecos Gigantes de Olinda), Paço do Frevo, Torre Malakoff, Sinagoga Kahal Zur, a primeira das Américas, erguida no século 17 na famosa Rua do Bom Jesus. Em seguida, visita à Casa da Cultura de Pernambuco (antiga Casa de Detenção do Recife, uma das maiores edificações do século 19), localizada no bairro de São José, onde funcionam lojinhas de artesanato. Depois, o grupo almoçou na churrascaria Boi na Brasa. 

Terça-feira de Carnaval, após almoço no restaurante Skillus Classic, na Ilha do Leite, o grupo seguiu para o Instituto Ricardo Brennand, no bairro Várzea, zona oeste do Recife. O instituto é um dos melhores museus da América do Sul e do mundo, com rico acervo. Na quarta-feira de cinzas, após ao meio-dia, o grupo retornou a Maceió. 

Notas 

O imponente Instituto Brennand, um dos melhores museus do mundo

Em se tratando de turismo cultural, a grande atração do Recife é o Instituto Ricardo Brennand, também conhecido como Castelo Brennand. Ocupando uma área de mais de 77 mil metros quadrados, cercado por Mata Atlântica, no bairro Várzea, Zona Oeste do Recife, o Instituto destaca-se no cenário nacional e internacional. O conjunto de suas instalações, em estilo medieval gótico, compreende o Museu Castelo São João, a Pinacoteca e uma Biblioteca. No Museu há obras de variada procedência, com peças dos séculos 15 ao 21, com ênfase para a rica coleção de esculturas com peças italianas e francesas. Destaca-se ainda pela maior coleção de armas brancas do mundo, além de armaduras, fuzis que pertenceram a D. Pedro I e D. Pedro II, bem como pelo maior acervo particular de obras de Franz Post, pintor holandês que esteve no Brasil no século 17 com a comitiva de Maurício de Nassau. 

Casa da Cultura de Pernambuco faz o maior sucesso com suas lojinhas de artesanato

A antiga Casa de Detenção do Recife, inaugurada em 1885, funcionou durante 118 anos, quando foi fechada em 1973.  Três anos depois foi transformada na Casa da Cultura de Pernambuco, com 150 lojas de artesanato, livrarias e lanchonetes. As lojas foram adaptadas nas antigas celas que abrigaram presos famosos como Graciliano Ramos. A ideia de transformar a antiga Casa de Detenção na Casa da Cultura foi do artista plástico Francisco Brennand, quando era chefe da Casa Civil no primeiro governo de Miguel Arraes, na década de 1960. Na época, Brennand convidou a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardie  e o arquiteto Jorge Martins Júnior para elaborar o projeto de renovação e adequação do edifício. Com formato de cruz, indicando os pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste). Em 1980 o prédio foi tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE). 

No Recife antigo, Sinagoga Kahal Zur Israel foi a primeira das Américas

No Recife antigo, a Rua do Bom Jesus (antes chamada Rua dos Judeus), com seus casarões coloridos e preservados, é atração turística. É lá que foi edificada, em 1636, a Sinagoga Kahal Zur (em hebraico, Rocha de Israel), a primeira das Américas, na época da dominação holandesa. Extinta 18 anos após, em 1654, a Sinagoga foi restaurada e revivida em 2002, quando se transformou no Museu-Sinagoga Kahal Zur. O museu proporciona aos visitantes conhecer a história da presença judaica em Pernambuco, retratada em pinturas, fotografias, mapas e painéis. Com o fim da ocupação holandesa no Brasil, os judeus de Pernambuco foram expulsos e migraram para a colônia holandesa Nova Amsterdã, hoje Nova Iorque. Lá formaram a primeira comunidade judaica da América do Norte e contribuíram para o desenvolvimento da cidade. Para se ter uma ideia, Nova Iorque é a segunda cidade com maior número de judeus no mundo, atrás apenas de Tel Aviv, em Israel. 

De volta ao passado 

O trade turístico alagoano prestigiou o aniversário de 30 anos do Hotel Jatiúca

O almoço festivo, em comemoração aos 30 anos de atividades do Jatiúca Hotel & Resort, ocorrido no dia 24 de novembro de 2009, reuniu representantes do trade turístico, jornalistas de turismo e convidados. Na ocasião, a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) foi representada por Danielle Novis, secretária-adjunta, e Paulo Kugelmas, diretor de Marketing. Inaugurado em 1979, o Hotel Jatiúca foi um dos responsáveis pelo boom turístico do turismo em Alagoas, e projetou a imagem do estado em nível nacional. Na época, a Empresa Alagoana de Turismo (Ematur), diga-se de passagem, também contribuiu, e muito, para o desenvolvimento do turismo alagoano, quando era presidida por Manoel Cavalcante de Melo Neto, o popular Manduca, sucedido por Caio Porto Filho, em 1983, que também fez um excelente trabalho quando presidente da empresa.

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